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quarta-feira, 16 de março de 2016

Laranja é o novo preto - O livro e a série



AUTORA: Piper Kerman
EDITORA: Intrinseca
ISBN: 9788580575255
NÚMERO DE PÁGINAS: 304
Orange is the New Black é umas das séries mais populares da atualidade e uma das séries mais século XXI de todos os tempos. Um elenco composto majoritariamente por mulheres, aborda questões de sexualidade, racismo e sociologia. Eu assisti as três temporadas de uma vez. Enquanto  a quarta temporada não chega, aproveitei para dar uma olhada no livro que deu origem a essa série tão bem construída.

Eu fiquei muito surpresa. O livro não é tão legal quanto a série. Nem de longe. Acho até incrível ter virado série, porque para mim, não passa de um livro que a gente compra no supermercado. Uma história genérica, o relato de Piper Kerman (Piper Chapman na série), uma mulher branca de classe média que acaba sendo presa por carregar uma mala de dinheiro para sua namorada traficante Nora Jansen (Alex Vause na série). Piper descreve uma experiência na prisão, a meu ver, pouquíssimo comovente, pois em comparação à suas companheiras de prisão, sua vida é as mil maravilhas e ela faz questão de ressaltar isso ao longo do livro. A narrativa de Piper se resume a: Contar o tanto de cartas, livros, carinho e apoio ela recebia dos amigos e da família, citar que isso não acontecia com a maioria das outras presas e apresentar alguma estatística sobre o assunto. O livro não consegue ser nem um relato de uma história de superação (porque não há drama o suficiente, nem um clímax bem construído), nem uma crítica ao sistema prisional americano, já que apenas cita esporadicamente dados com alguns comentários do ponto de vista da autora, mas sem uma visão mais ampla ou algum tipo de problematização mais profunda, tampouco serve para conscientizar os leitores sobre a situação em que se encontra o sistema penitenciário americano.

Mas a esperança não está perdida, pois os produtores conseguiram enxergar um potencial enorme no livro. Tudo que o livro pecou em abordar, foi exposto de forma atrativa para os expectadores. Você tem drama, comédia, ação, suspense, pautas lgbt, pautas sociais, etc. No livro, Piper só encontra Nora em Chicago, na série tiveram a excelente ideia de colocá-las no mesmo lugar para que as duas personagens entrassem numa mistura de conflito, antagonismo e romance louco. Larry é um doce no livro, na série, os roteiristas não mediram esforços para transformá-lo no homem que você mais vai odiar. As detentas no livro vivem numa sororidade melancólica, na série é sempre uma zona de guerra entre as brancas, negras, hispânicas e outras minorias.

Uma amiga minha comentou que achou que ao avançar da série, Piper perdeu o protagonismo e as outras personagens ganharam muito mais espaço. Esse pra mim é o ponto mais legal da série. Eu respondi: “Pra quê ficar mostrando o drama da mulher branca de classe média que fez merda na faculdade sendo que existem outras histórias que refletem a realidade de várias mulheres reais oprimidas pela situação social em que se encontram?”. O que acontece em Litchfield acontece no mundo real. Existem brigas entre grupos étnicos, racismo velado, estupros, tanto por parte de outras presas quanto por agentes penitenciários, tráfico, suicídio, reincidência por falta de políticas de reabilitação (e por causa do próprio sistema), corrupção e por aí vai.

A série é muito boa pois debate todos esses aspectos de forma descontraída e leve (não no sentido que os assuntos são leves, mas de forma que você não precisa se esforçar muito para entender o que se passa), o que você encontra de forma muito pobre na obra original. Deixo aqui minha recomendação para assistir a série e esquecer o livro. Se você se interessa pelo assunto, leia Estação Carandiru, de Drauzio Varella.

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