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domingo, 17 de julho de 2016

Holocausto Brasileiro - Daniela Arbex


AUTORA: Daniela Arbex
EDITORA: Geração
ISBN: 9788581301570
LANÇAMENTO: 2013
NÚMERO DE PÁGINAS: 256
Neste livro-reportagem fundamental, a premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena.

Ao fazê-lo, a autora traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omissão da sociedade.

Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.
Era uma vez um "trem de doido" que levava pessoas do Brasil inteiro para a cidade mineira de Barbacena. Alguns, aflitos por sofrimentos mentais, acreditavam ir em direção à cura de seus males; outros, sem sequer saber por que estavam indo para aquele lugar misterioso, se encontravam fadados a passar sabiam lá quantos dias, meses ou anos em um local que não escolheram: o Colônia.

O Colônia tinha nome de edifício imponente, um hotel chique, talvez, mas foi, na verdade, durante décadas, o centro de um holocausto silencioso. Holocausto, sim, sem exageros. Foram mais de 60 mil mortos que, antes de perecerem por fraqueza, acometidos por doenças, foram submetidos a condições inimagináveis. Dormindo no chão coberto de palha, bebendo água do esgoto que escorria pelo pavilhão, cobertos de fezes, muitas vezes despidos, submetidos a choques e outros experimentos, estes eram os "loucos" de Barbacena, muitos dos quais sequer haviam sido diagnosticados com sofrimentos mentais. E as chances de sair? Apenas como um cadáver a ser vendido para algumas das mais prestigiadas faculdades do Brasil.

É a jornalista Daniela Arbex que se dispõe a se aventurar pelas mazelas da (des)humanidade e contar uma história de horrores que foi, por tempo demais, esquecida e ignorada. Em linguagem prazerosamente prosaica, a autora traça a história do manicômio mineiro, dando espaço para que as próprias vítimas da violência estatal se manifestassem, em conjunto com funcionários e até mesmo familiares. É através das diversas histórias relatadas que Arbex constrói o panorama do horror, desde testemunhos do dia-a-dia naquele verdadeiro campo de extermínio até relatos do movimento que se deu em prol da divulgação dos horrores ali ocorridos, visando acabar com aquele antro de violações de direitos humanos.

Verdadeiramente fascinante, o livro prende o leitor e o marca, envolvendo-o com sua história comovente e horripilante. É possível imergir de fato na trama, empatizar com - mas nunca sentir - o sofrimento das vítimas, porém falta algo. A história nos deixa querendo mais, mais informações, mais aprofundamento, mais concretude.

Em um certo ponto, Arbex parece focar demais no mundo exterior, que lutava pelo fim do Colônia como antro de extermínio, e se esquecer das histórias. Como leitora, queria mais, principalmente nos quesitos de dados materiais e relatos da vivência dentro do manicômio. Provavelmente houve tantas histórias enclausuradas naquele campo de horrores e este livro poderia ter sido a oportunidade de publicá-las, fazê-las ouvidas. Onde estavam os que foram aprisionados por abusarem do álcool? As prostitutas? Os homossexuais? Como eram as relações interpessoais no Colônia? Como os que sobreviveram conseguiram isto? E as estatísticas?

Apesar de ser um livro fantástico, foca excessivamente em relatos pontuais e, embora o panorama efetivamente se construa através do entrelaçamento destas linhas, é como se houvesse a necessidade de acrescentar outros pontos e elevar o todo a termos mais gerais. A história não peca pelo que conta, mas pelo que deixa de contar... Porém talvez isto seja porque o tema me interessa de tal modo que sempre irei querer mais, e na escrita de Arbex, mais ainda.

Um comentário:

  1. Bom dia, vim da Agenda dos blogs pra conhecer o trabalho literário. voltarei outras vezes para conhecer os posts.
    Bjs!

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